Armando Macatrão abordou, e bem, o assunto no seu trabalho “O Ermitão”, questionando se um tal de Irmão Manoel Luís seria o Comendador José António d’Abreu, conforme se pode ler na mesma obra (p.117). Esse ermitão, ainda segundo o mesmo estudo do investigador nazareno, terá falecido no dia 13 de Janeiro de 1849 tendo sido casado com D. Joaquina Nunes de Cascais, e sepultado na pequena ermida de São Bartolomeu. Constata-se, consultada a documentação, que «Aos treze de Janeiro de mil outo centos quarenta e nove, faleceu com todos os Sacramentos o Monge Manoel Luís, e foi seu corpo sepultado na Capella de S. Bartholomeu [de] que era Ermitão; do que tudo fiz este assento que assignei.»*
Segundo o registo de óbito, D. Joaquina Nunes Cascais viria a falecer no «primeiro dia de Setembro de mil oito centos trinta e nove [quase uma década antes do já mencionado Manoel Luís], em o Sítio da Nazareth […] natural da Cidade do Maranhão, filha de José António Nunes dos Santos, e de D. Maria Dorothea das Xagas; que nasceu aos vinte sinco dias do mes de Janeiro de mil oito Centos e hum annos, casada que era com o Comendador José António de Abreu […]- Ainda no mesmo registo, refere-se que «foi seu corpo sepultado no dia dois deste mesmo Setembro, na Ermida do Monte de S. Bartholomeu […] local que ella repetidas vezes em sua vida, e com saúde havia designado, para nelle ser sepultada, no caso de falecer nesta Freguesia, e à hora de sua morte, o requereu com a maior eficácia ao Seu Marido […].
Fica provado que D. Joaquina faleceu antes do dito ermitão e que o mesmo, ainda que permaneça o enigma, poderia ser o Comendador. É verdade, também, que não sabemos quando terá falecido o Comendador, mas isso não invalida o conteúdo da documentação relevando-se, a importância do trabalho do nosso amigo, e investigador, Armando Macatrão mantendo-se, como parece, a questão em aberto.
Terá o Comendador enveredado pelo isolamento, permanecendo no Monte, junto a sua esposa, ou será o ermitão uma outra pessoa?
*PT-ADLRA-PRQ-PNZR02-003-0010_m0108_derivada
Confira-se a este respeito a obra acima citada da autoria de Armando Macatrão.