Ainda não consegui entender porque se continua a chamar “Torre de D. Framondo” a uma estrutura que tem 800 m2 (40×20) de implantação, mais ou menos a mesma dos Castelos de Alcobaça e Alfeizerão!!!
Os historiadores antigos e, com maior responsabilidade, os mais recentes parecem querer ignorar a dimensão física e histórica deste Castelo que, juntamente com o de Alcobaça, Alfeizerão, Leiria e Óbidos, entre outros, faria parte de uma linha defensiva litoral anterior ao século XV/XVI, altura em que Portugal empreendeu, de uma forma “definitiva“, a demanda de terras ultramarinas.
São, por isso, desse período os baluartes defensivos localizados ao longo da costa ocidental, de que é um bom exemplo, entre tantos outros, o Forte de São Miguel (Arcanjo).
Assim sendo, o Castelo de Dom Framondo além de ser mais antigo que o famoso Forte, este último constitui-se como uma consequência histórica do anterior.
Espero, muito sinceramente, que o Castelo de Dom Framondo seja reconhecido pelo seu valor histórico e renomeado em futuros artigos de historiadores da região, e não só, com responsabilidade suficiente para não continuar a omitir o documentalmente provado e comprovado.
Sobre este assunto note-se, por exemplo, os trabalhos de arqueologia ali desenvolvidos por Octávio da Veiga Ferreira, J. Almeida Monteiro e João L. Saavedra Machado, Trabalhos Arqueológicos no Castelo de D. Framundo em Famalicão da Nazaré, Edição Biblioteca da Nazaré, 2012, bem como a nossa abordagem, “A Torre de Dom Framondo”.[1]
O desenho a 3 dimensões acima apresentado foi fruto de um exaustivo levantamento à fita e posteriormente apresentado no âmbito da nossa tese, já em 2010.
Nessa altura chamámos Fortificação, o que já diferenciava a função da estrutura e a sua dimensão histórica.
Assumindo o que se considera cientificamente comprovável, continuamos a defender a teoria;
Se os dois Castelos vizinhos (Alcobaça e Alfeizerão), assim são chamados, este (D. Framondo) também o deveria ser.
Não devemos esquecer que a Quinta onde o mesmo se encontra implantado tem como nome “Quinta do Castelo”.
Normalmente os topónimos perpetuam no tempo os usos e costumes de um determinado local, de uma determinada cultura, de uma qualquer função comunitária e/ou territorial.
[1] Consultável em https://repositorioaberto.uab.pt/handle/10400.2/1769 (Vol. 1, pp. 160 a 197).