“ Aos quatro dias do mez de janeiro do anno de mil oitocentos noventa e oito, na praia do Norte desta freguesia de Santa Maria das Arêas da Pederneira, concelho d´Alcobaça, patriarcado de Lisboa, pelas seis horas da tarde, no sítio do Barrinho appareceu arrojado pelo mar um cadáver de homem corpolento indicando edade de trinta annos, parecendo ser um dos náufragos que tripulavam a barca noroguesa Undine = à qual à vista de terra no dia 20 do passado [dezembro] se havia submergido no mar fronteiro à Mina do Azeche, salvando-se só nove dos tripulantes que tendo saltado para uma pequena lancha da barca submersa vieram debaixo do maior prerigo fundear defronte da povoação Praia da Nazareth; teriam perecido todos senão fossem soccorridos por uma barca tripulada por [1v] pescadores desta praia entrando ao mar agitadíssimo recebendo nesta barca aquelles marinheiros da dita lancha quazi a sossubrar como havia succedido à outra em que haviam embarcado para salvarem-se os outros tripulantes (com) e capitão da barca Undine.O dito cadáver, feito pelas authoridades desta localidade o devido exame foi sepultado no cemitério publico desta parochia. E para constar lavrei em duplicado este assento que assigno. Era ut supra.O parochoJosé Pereira Garcia”*
Não se conseguiu identificar a localização dos topónimos de lugar: Barrinha e Mina de Azeche
*Arquivo Distrital de Leiria (ADLRA), Registos de óbito da freguesia da Pederneira da Nazaré: 1898-1898, fólio 1v a 2.Registo de óbito de 4 de janeiro de 1898
Nota José Soares, em “100 anos de naufrágios na costa da Nazaré”, 1998, p. 55, o que segue: «Naufrágio da barca norueguesa Undine .Conta o capitão do porto Salles Henriques, em artigo publicado no número único da publicação já citada Pro Merito, de homenagem a Joaquim da Rita, que este denodado homem salvou sete tripulantes.» op.cit.