José Leite de Vasconcelos (1858-1941) foi um reconhecido linguista, filólogo, arqueólogo e etnógrafo português.
Fundador e primeiro director do Museu Nacional de Arqueologia, tendo entre tantas outras iniciativas, fundado a revista “O Arqueólogo Português”.
Dispensa apresentações, para quem conhece a sua importante e vasta obra, pelo que remetemos para o link abaixo[1] uma breve biografia sobre José Leite de Vasconcelos
Com uma vasta e importante obra publicada, importa-nos a “Etnografia Portuguesa”, em particular o volume V onde faz algumas referências à Nazaré, fruto da sua recolha documental, bibliográfica e das várias visitas que fez ao território por forma a ver e ouvir – tomando conhecimento – das particularidades da Cultura Popular.
São essas pequenas, mas muito importantes, notícias onde se menciona o topónimo Nazaré que deixamos aqui:
[…] “No sul, creio que isto se usa nas Caldas da Rainha, ouvi:
Arre, burrinho,
Arre Burré,[2]
Para a Senhora da Nazaré;
Quem não tem burrinho vai a pé.”[3]
[…] Em Óbidos, quando vão buscar água à fonte, costumam escorrer bem o cântaro antes de saírem, porque, se levam no fundo algum resto, a fonte seca. Na Nazaré fazem o mesmo na fonte, para que a fonteira não venha a casar com um bêbado.[4] As raparigas de …, quando iam à Fonte Velha, costumavam deitar uma gota de água. […][5]
[…] Fonte Santa da Nazaré, aonde vão buscar água na véspera de S. João e S. Pedro; boa para curar o reumatismo. […][6]
b) Pesca primitiva:
[…] Piões: são seixos rolados, para peso das redes; têm uma gaiva ou moça (leia-se móça) para o nagalho se agarrar (observado na Nazaré, em 1894). […][7]
[…] c) De arrastar: com saco-arrastão, artes de arrastar (entre Porto e Nazaré), xávega (Algarve), chichorro ou chinchoxo (sul de Lisboa), murgeira (embocaduras das barras); sem saco – buginganga ou mugiganga, rede de pé (tainhas, robaletes, linguados, solhas), solheira (Algarve: solhas, linguados), zorra (caranguejo).[8]
[…] Galeões – Armações redondas e valencianas (Nazaré).[9]
Neta: Rede usada na Nazaré.[10]
3) Redes de arrasto (Nazaré); 4) Redes da arte: segundo informação de Maria Caetana, antes de haver armações para a pesca havia redes de arte. Tinham nomes, como, por exemplo, a Arte de José Custóido. Era um barco grande com redes. A armação é fixa; a arte colhe o peixe e volta para terra. […][11]
Sistema Francês – Para a pesca da lagosta (Nazaré).[12]
[1] José Leite de Vasconcelos – Século XIX – Centro Virtual Camões – Camões IP (instituto-camoes.pt) (acedido em 07/08/2021)
[2] Sobre versos que se dizem às crianças, postas sobre o joelho, vid. A. Pimentel, Estremadura, II, 290.
[3] VASCONCELOS, José Leite de. Etnografia Portuguesa, Vol. V, Edição Imprensa Nacional – Casa da Moeda, Lisboa, 2007, p.85.
[4] Em Lisboa diz-se que casa com um bêbado a rapariga que se molha na barriga ao lavar roupa.
[5] Id. p. 126.
[6] Id. p. 133. Vid. Pinho Leal, PAM, VI, 12.
[7] Id. p. 158.
[8] Id. p. 360.
[9] Id. p. 372. Informação retirada pelo Autor da publicação “As Nossas Praias” (Sociedade Propaganda de Portugal) – 1918, pp. 54-55.
[10] Id. p. 374. C.F.
[11] Id. p. 375. Informação retirada pelo Autor da publicação “As Nossas Praias” (Sociedade Propaganda de Portugal) – 1918, pp. 54-55.
[12] Id. p. 377. Informação retirada pelo Autor da publicação “As Nossas Praias” (Sociedade Propaganda de Portugal) – 1918, pp. 54-55.