Quando decidimos abordar o tema dos ílhavos na vila da Pederneira, trabalho esse que se encontra redigido a aguardar por melhores dias para ser apresentado, já tínhamos a noção que outros locais terão sido importantes para a consolidação social e económica do actual concelho da Nazaré, alertando para o facto que se pretendemos conhecer quem somos, teremos de saber de onde viemos.
Na verdade, talvez como no resto do litoral, vieram de todos os lados, à procura de melhores condições de vida, em romaria à Senhora da Nazaré, a banhos para tentar curar as maleitas do corpo e mais razões existiram para a sua vinda.
Também é verdade que muitos partiram, continuaram a sua jornada, fazendo do território da vila da Pederneira, um ponto de passagem na busca de um qualquer “paraíso” que lhes concedesse as condições necessárias para se estabelecerem. Não terá sido este o desígnio da Humanidade desde a sua emergência?
Outros, porém, vinham de passagem, mas já não voltavam às suas terras, como foi o caso de Francisco dos Santos Anachoreta, que se tinha deslocado a esta praia para vir a banhos.
Aqui encontrou o fim da sua vida, tendo sido sepultado nesse cemitério da Pederneira, onde repousam os antepassados de todos eles, os antepassados de todos nós.
O óbito ocorreu numa manhã de Setembro, tinha Francisco cinquenta anos, era proprietário e residia em Marvila, Santarém. Filho legítimo de José Joaquim da Silva Anachoreta e de Dona Maria Sabina da Silva Anachoreta, também naturais do mesmo local. Era casado com Dona Leonor da Encarnação Monteiro.
Nota-se, ainda, que não terá deixado descendência e que foi sepultado, como já referimos, no Cemitério público da Paróquia da Pederneira, “na fileira das campas”.
O caso de José Joaquim dos Santos Anachoreta, é um entre muitos. Talvez por isso, se torne necessário partilhar os registos de outras origens geográficas, dando oportunidade a outros que descubram, quem sabe, algum antepassado seu.
Da nossa parte, como temos feito, continuaremos a contribuir.
ADLRA-Livro de Óbitos, 1895, Freguesia da Pederneira, f. 19v.