Como se comprova, também, com este registo a Praia da Pederneira era destino de pescadores de outras geografias.
É bem verdade que o registo não esclarece se estes dois defuntos estariam radicados no concelho da Pederneira. Contudo, é bem esclarecedor quanto ao local do óbito, sua causa, e naturalidade dos dois pescadores.
«Aos quatorze dias do mes de Setembro de Mil oito Centos e vinte e seis annos, ás pedras, ao embarcar na lancha, p. o seu Barco, q[ue] estava amarrado, morrerão afogados no Mar, dois rapazes pescadores Ericeiros – a saber António, de dezassete annos, pouco mais ou menos, filho de Caetano, de … [sic] já defunto, e de Maria Pescadarta, e Crispim, de treze annos, pouco mais ou menos, filho, de Manuel Netto, e Anna Franca, ambos da Villa da Ericeira, Freguesia de S. Pedro, forão seus corpos sepultados, no átrio da Ermida de Nossa Senhora dos Anjos: do que tudo fis este assento, q[ue] asignei […].»*
*ADLRA-Pederneira, Livro de Óbitos, 1826.
Nota: Sobre os naufrágios na costa da Nazaré, e zonas próximas, releve-se o estudo de José Soares, 100 Anos de Naufrágios na Costa da Nazaré: de 1860 a 1979, Edição C.M.N., 1998, bem como, o nosso trabalho:
FIDALGO, Carlos. Subsídios para a História Marítima do Concelho da Nazaré: Naufrágios e Náufragos (séculos XVII a XIX), Edição 5 Livros, Porto, Maio, 2021.