Um dos problemas no que respeita à investigação dos locais – pode não ser o caso – é a perda de referências geográficas, e de memória, por parte de uma qualquer comunidade. Quando tentamos identificar um sítio no âmbito de uma qualquer conversa, ou mesmo de um trabalho de maior complexidade, uma das premissas é a auscultação das pessoas cuja vivência nos garante o conhecimento do território, sendo que à memória dos locais estão sempre ligadas as vivências e, por conseguinte, a relação intemporal entre o Homem e o Lugar.Este é um excelente exemplo dessa relação que, confesso, já tentei averiguar em tempos idos. Mas, mais uma vez nos aparecem os registos paroquiais para, pelo menos, nos elucidarem sobre o nome de um determinado local, como o que agora se apresenta.Devemos, contudo, levar em conta que este “Cazal”, como lhe chama o Vigário, poderá ter outros nomes, antes e, mesmo, depois do presente registo.Falará, neste âmbito, a memória dos mais antigos que, com toda a certeza, conhecem o nome deste espaço que agora se coloca no Pedra do Porto.Menos nos importará o nome do seu proprietário e família.Diz então assim:«Aos dez dias do mez de Outubro de mil oito centos e quarenta annos de madrugada, em seu Casal chamado, a Horta do Gastão, defronte da Capela da Senr.ª dos Anjos no limite desta Villa da Pederneira, faleceu [X] marido de [Y], tendo recebido o Sacramento da Extrema unção somente por ter perdido o falar e os sentidos de hum ataque apopletico de qu[e] foi acometido no dia oito do corrente, quasi á noite: […] foi seu corpo sepultado no cemitério[…].»**ADLRA – Pederneira – Livro de Óbitos, 1840.